Missa à meia-noite

Missa à meia-noite

Share

Mike Flanagan é uma daquelas espécies raras em vias de extinção (ou pelos vistos, não) com o talento e olho para os filmes de terror, um género ainda tão pop como na sua década de ouro, os anos 80, um género tão imediato e sedutor, que se torna a receita básica para um blockbuster, muitas vezes com o mínimo investimento. Aqui há uns anos entregou o curioso “Doctor Sleep”, uma espécie de spinoff de “Shinning” de Kubrick, que não é brilhante, mas não compromete, com um naipe de actores de topo, como Ewan Macgregor e a bela Rebecca Fergusson, por exemplo, e uma história algo recambolesca, mas com o mérito de pelo menos estar feito com competência; e talvez essa mesma competência de conseguir entregar num género que vende e chega com facilidade às massas tenha feito de Flanagan quase um funcionário da Netflix, onde já vai na terceira produção que me lembre.

Há pouco tempo realizou o sucesso chamado “Queda da Casa Usher”, baseado no conto homónimo de Edgar Alan Poe, mas é este “Midnight Mass” que para mim acaba por ser o melhor cartão de visita deste autor que domina de facto a linguagem do género e garante por isso todos os seus tiques e clichés aos seus maiores fãs, mas a quem ainda falta aquele toque de midas e brilhantismo para o tornar de facto um autor de elite, apesar de ser óbvio o seu enorme talento. Casado com uma das mais belas actrizes da actualidade, Kate Siegel, que muito apropriadamente aparece em quase todos os seus filmes, dele esperamos sempre uma dose extra de bom gosto e competência que nos vai garantindo horas de imersão no mundo das bruxas, zombies, vampiros e outras entidades fantasmagóricas.