Arte e A.I.

Arte e A.I.

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Do filão ainda não muito escavado das histórias da ameaça da A.I.,e à semelhança da narrativa homónima de Assimov, a A.I. é aqui a vítima, a raça proscrita ao exílio (na china / Ásia) resistindo no seu reduto remoto ao genocídio dos humanos, apostados em restabelecer a ordem, depois de incriminar, injustamente, os robots de AI por um desastre nuclear. Interessante algum pendor masoquista de Hollywood em relação à espécie humana, sempre de maus fígados, gente básica e com sentimentos rasteiros, vingativa; diria que a horde de esquerda de Sanders fez alguma escola por entre os privilegiados do show biz, que retribuem aqui, como em Avatar, fazendo dos humanos uns pacóvios materialistas, colonizadores despóticos, oriundos de uma
potência bélica imparável, apostada em erradicar a AI da face do planeta.

Gareth Edwards pega nesta história iminentemente política e veste-a visualmente de uma forma deslumbrante, apostando numa fotografia de cortar a respiração, obra também do próprio realizador, que segurou a câmara, uma FX3 da Sony de cerca de 5000 eur, que apesar de ainda distante dos bolsos da maioria, representa a excelência tecnológica que os fabricantes de cameras entregam hoje em dia aos entusiastas e profissionais da área; ” The Creator” foi filmado recorrendo ao engenho e criatividade, mais do que à carteira e o resultado irá com certeza fazer escola, atestando desde logo da importância histórica que este filme já tem. Quanto ao resto, notam-se algumas fragilidades narrativas, muita ponta solta e alguma falta de “nexo”, num filme que não é perfeito, que acaba por ser vítima da sua previsibilidade mas que não abala com isso o lugar de destaque que merece por tudo aquilo que representa. A ver, em especial pelos amantes da sétima arte.