Desejo e Fé
Um dos filmes mais aguardados deste ano, a par de “Dune“, de Villeneuve, servido pela mão firme e experimentada de Paul Verhoven, um dos melhores cineastas vivos, tudo ingredientes a convidar uma degustação de puro deleite: “Benedetta” é cinema de fina flor, evocando a vida surpreendente de Benedetta Carlini uma freira lésbica que dizia ouvir vozes de além, inclusive a do próprio Cristo. De assinalar o resurgimento do cinema erótico nos circuitos comerciais, um género votado a uma injusta dimensão menor, trazido desta vez à tona pelo mesmo realizador de “Instinto Fatal”, que domnina desde logo o seu pacote cénico e visual, indispensável à sua experiência.
Com uma realização exímia, um design de produção belíssimo, uma direção de fotografia de cortar a respiração, a beleza e sensualidade de Verginie Efira, cirurgicamente escolhida para através da lente polémica de Verhoven corporizar a forma e a substância de toda a hipocrisia, ingnorância e luxúria básica da Itália da idade média. “Benedetta” é mais uma página ilustre na carreira de Paul Verhoven, um realizador com uma marca de qualidade que o faz ombrear facilmente com o clube restrito que vai de Lynch a Copolla, de Stone a Spielberg, um jovem de 83 anos a mostrar como se faz excelente cinema.
Polémico, intenso, mordaz, belo e sexy. Imperdível.