Catch 22

Catch 22

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News flash: A guerra é uma merda. Não sabia? Mas é. Morre gente, normalmente gente nova, gente que ainda não viveu a vida, e morre também gente inocente. A guerra não é humana, é injusta, suja, tenta-se sobreviver, chegar ao fim do dia, e voltar a casa para então começar uma nova luta interior para esquecer a maior parte do que aconteceu.

No cinema e na televisão a guerra é muitas vezes retratada de um ponto de vista que glorifica o sacrifício e abnegação dos soldados, no caso particular da 2a Grande Guerra então isso é evidente, a personagem principal ou é, ou ascende, a esse combatente quase mítico que renega tudo a não ser a vontade de levar a cabo a sua missão e ajudar a vencer o conflito, sendo que ele se encontra do lado certo da história. Acontece que na guerra há vencedores e vencidos e nem sempre se está do lado certo, vejam-se os filmes sobre a guerra do Vietname como ‘Apocalipse Now’, ‘Platoon’ ou ‘Full Metal Jacket’ para entender a nova abordagem que os autores tiveram de fazer quando o material impunha um tipo particular de combatente, mais complexo, sem vontade, cheio de dúvidas e sobretudo com mais interesse em voltar a casa do que continuar a lutar.

Poster de “Catch 22”

Esse tipo de combatentes eram no entanto a norma e não a excepção, mesmo na 2a Guerra; algo que o cinema e a televisão de uma forma consciente ou não se esforçaram por não retratar. Ninguém gosta de estar longe de casa, longe da família e amigos, longe da amante ou do amor, sem saber se amanhã ainda está vivo ou inteiro. A originalidade de ‘Catch 22’ , remake agora disponível pela mão da Netflix, consiste em ter a coragem do nos mostrar esse combatente médio, a face entre a multidão, nem tanto um anti heroi, mas antes alguém que pura e simplesmente não gostava de estar ali. Arrisco a dizer, a maioria de quem combateu e deu uma parte da vida, ou mesmo a sua vida numa guerra, seja ela qual for, mesmo na 2a Guerra Mundial; caso para dizer: ‘Tirem-me deste filme”.