A Origem do Universo

A Origem do Universo

Share

Há mais ou menos 13,8 biliões de anos não havia nada a não ser um vácuo sem forma, muito pequeno, muito quente, escuro e simétrico.

Ninguém sabe o que estava lá antes, nem faz sentido falar em antes ou em tempo, porque o próprio tempo e espaço ainda não existiam; estavam encurvados naquela entidade sem forma, negra e imaterial, um vácuo primordial suspenso no mais denso dos mistérios. Todas as forças da natureza, Electromagnetismo, Força Forte e Fraca unificadas com a Gravidade em algo ou alguma coisa que escapa à mais prodigiosa das imaginações. E então, a simetria do vácuo quebrou-se espontaneamente e o universo entrou em movimento. A Gravidade separou-se da unificação electro-fraca e a temperatura do Cosmos começou a descer para biliões de biliões de biliões de graus centígrados. Não há nada, nenhum estado da matéria conhecido ou sequer imaginado que possa existir nestas escalas de temperatura; o universo seria uma entidade vazia, desmaterializada, escura e completamente opaca.

Impelido por uma pressão negativa oriunda possivelmente da energia potencial do vácuo, o cosmos (tempo e espaço) expandiu-se num sopro até o relógio marcar Latex formula s. Nessa altura, a temperatura passa abaixo dos Latex formula Kelvin e o Vácuo sobrearrefece, originando a chamada Primeira Transição de Fase do Vácuo. O espaço-tempo encontra-se num estado hiper-denso, sobrearrefecido e altamente instável; a Gravidade não tem possibilidade de suster as forças intrínsecas do tecido do Cosmos, que pressionam o espaço-tempo a se expandir, e o Universo acaba por se escapar num cataclismo indescritível, a Inflação Cósmica. A expansão passou a ser tão rápida que nos primeiros Latex formula s, o universo terá aumentado de tamanho num factor de Latex formula, mais ou menos do tamanho de um protão para a cabeça de um alfinete. No final da Inflação Cósmica, o vácuo recuperou o equilíbrio térmico no espaço-tempo e o débito de temperatura durante o sobrearrefecimento foi devolvido ao tecido do Cosmos sob a forma de radiação.

O espaço-tempo banhado pela radiação fantasmagórica da Transição de Fase granulou-se num enxame de pequenos crepúsculos, bolhas infinitesimais de energia, partículas fervilhantes emanando de toda parte, como se sempre tivessem estado lá, talvez de outra forma, embebidas no tecido do vácuo e do cosmos numa escala de energia desconhecida e inacessível ou até vindas de uma dimensão superior, ninguém sabe. A quantitização das energias do Vácuo originou as primeiras partículas elementares: os quarks, os fotões, os neutrinos, electrões, mesões e bosões e as suas correspondentes anti-partículas; a matéria como a conhecemos terá por isso nascido perfeitamente simétrica como o Universo. Logo a seguir, matéria e anti-matéria aniquilaram-se mutuamente numa ligeira desproporção, que é a razão do acréscimo actual de matéria sobre anti-matéria.

Por volta dos Latex formula s a temperatura teria descido de tal forma que os quarks já não tinham energia suficiente para fluírem libertos, sendo capturados pelos Gluões da Força Forte, formando então os primeiros Protões e Neutrões, partículas não elementares denominadas pelos Físicos de Hadrões. Os Protões e Neutrões começaram a combinar-se entre si com os electrões circundantes através das Forças Nucleares formando os núcleos atómicos de Hélio (H2), Deutério (H2-) e possivelmente Lítio (Li3), os restantes Hadrões primordiais deram origem ao Hidrogénio que é ainda hoje o mais abundante dos elementos. Nesta altura, a temperatura do Cosmos poderia ser comparável à do interior de uma grande estrela; seria ainda completamente escuro e opaco, já que os fotões, portadores da força electromagnética, ainda não podiam escapar por entre o plasma híper-denso de partículas e elementos.

A partir daqui a idade do Universo começa a medir-se em horas, anos e depois milénios. O tempo dilata-se e o Cosmos entra na era das trevas, a temperatura desce até aos 3 Kelvin, altura em que a densidade de matéria permite que os primeiros fotões se propaguem pelo espaço-tempo, a luz primordial que ainda hoje podemos captar nos nossos televisores como interferência, a radiação de fundo do universo distorcida e atenuada como microndas. O relógio marca cerca de 300000 anos.

Nesta era em que o Cosmos se torna transparente e visível, uma estranha força, a Gravidade, começa a fazer-se sentir sobre a topologia do espaço-tempo, deformando-o junto das grandes bolsas de matéria, aglomerados imensos de átomos, nebulosas gigantescas de hidrogénio que começam lentamente e inexoravelmente a espiralar sobre si próprias, num lento carrossel, um pouco por todo lado. No centro destas nuvens em colapso, quando a pressão entre os átomos ultrapassa um certo ponto, os núcleos de Hidrogénio, de tão próximos e comprimidos que estão, aquecem de tal forma que se fundem, protões com protões, produzindo Hélio. Como resultado desta fusão, é libertada energia remanescente sobre a forma de fotões em vários comprimentos de onda, entre os quais o da luz visível, fazendo com que a nuvem se acenda.

Tinham nascido as primeiras Estrelas.