A Vítima

A Vítima

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Kaytlin Dever é provavelmente, juntamente com a incontornável Millie Bobby Brown, um daqueles diamantes em bruto que hollywood precisa para assegurar o futuro; curioso é pensar que ambas não correspondem ao paradigma da “Diva Vamp” que a indústria necessita e tão desesperadamente tem procurado: a próxima Jane Fonda, Grace Kelly ou Ava Gardner, a super estrela que faça a maquina registadora fazer cachim-cachim, que venda revistas, capas, sites, que fique óptima nos pôsteres, bonita, sexy, que faça os homens perder a cabeça e as mulheres sonhar com, e uma artista de corpo inteiro, boa na sua arte como no embrulho físico.

Nenhum destes dois diamantes é assim. Kaytlin Dever é baixinha, magrinha, nem bonita nem feia, mas é uma das melhores actrizes que eu pessoalmente já vi representar na minha vida, e para o testemunhar existe mais esta pérola da Netflix, “Unbelievable”, uma história dilacerante e cheia de autenticidade sobre o rasto de um violador em série, mas sobretudo também sobre o sofrimento das vítimas, em particular da pequena Marie Adler, interpretada por Kaytlin, que nos rasga os sentidos de tão crua, sentida e pungente que é. Irônico hollywood ter uma actriz deste calibre, que não tem de facto o glamour e a beleza de Jennifer Lawrence por exemplo, mas que vai onde esta nunca poderá ir. Um privilégio.