O ano da morte de David Lynch

O ano da morte de David Lynch

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Dizer que hoje desapareceu um dois maiores vultos da história do cinema, não lhe faz justiça, já que Lynch há muito já tinha ascendido ao patamar reservado aos mitos, reservado às lendas vivas, venerado como numa religião, uma religião que prega o inconformismo, a inovação, e sobretudo a subversão, porque é assim que tem de ser a verdadeira arte: cortar com tudo rumo ao inesperado, ao único. Estudado nas Universidades, nas Faculdades de Artes e Cinema por todo o mundo, adorado como um Deus na sua terra natal, e nós sabemos como os americanos sabem homenagear os seus filhos pródigos, David Lynch é um nome que se tornou um adjectivo para o que é precursor, para a imaginação delirante, para o quebrar de regras. Um verdadeiro artista, como já não há. “Coração Selvagem” é um dos filmes da minha vida, matéria de que são feitos os Davids, as 5as Sinfonias, as Guernicas, imagem e som numa história imortal de duas personagens numa estrada infinita, paixão, sexo, amor, luz e som num cinema total que David Lynch, generosamente nos deixou. Um dia terrível para o cinema, para a América, que o amava profundamente. Vemo-nos na sala vermelha.