Conduzir o destino
É um daqueles filmes destinados a ingressarem nas prateleiras dos “de culto”, restritos a uma plateia de cinéfilos inveterados, a quem nada pode ou deve escapar, muito menos este excesso visual e artístico que nos apanhou de surpresa em 2011. O bonitão Ryan Gosling (meninas, além disso, aquela voz…compreendo-vos) teria aqui um dos seus papeis já icónicos; um condutor profissional, lacónico e reservado, apanhado pelas circunstâncias, numa história claramente inspirada na filmografia de Scorsese, filmada de forma soberba por Nicolas Refn, numa obra que quase se pode encarar como um art movie, auto-contemplativo e hiperbólico como tem de ser. Refn acentuaria ainda mais o envelope visual e sonoro dos seus filmes numa das suas obras posteriores, o muito sensual e interessante “The Neon Deamon”, com a sexy Elle Fanning no papel principal, o filme que acabou por assinalar as limitações artísticas deste cinema plástico e atmosférico, que entretanto abriria o filão de fãs para filmes como “Mother!” de Aronofsky ou mesmo “The Killing of a Sacred Deer” de Yorgos Lanthimos, uma nova e excitante abordagem mais focada no visual, na forma e no método.
Uma lufada de ar fresco no cinema americano embrulhada além de tudo numa banda sonora electropop que ajudou ao lugar mítico que ocupa. Imprescindível.