Caminho para "Dune" - Primeiro Trailer

Caminho para “Dune” – Primeiro Trailer

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Quem me conhece sabe o que esta história, estes livros, significam para mim: a história tantas vezes repetida do homem preso ao seu destino, o profetizado salvador no seu tempo sem tempo, um messias, um libertador de um povo oprimido, proscrito e sem pátria; a lenda de Muad’ib, que acaba por ser uma alegoria comovente e desencantada da humanidade, da história do mundo, do nosso mundo. E é justamente esse jogo de espelhos que Herbert faz durante os cinco livros que a mim me esmaga por completo; na história de Muad’ib e dos Fremen temos dois mil e tal anos do nosso próprio passado que ele condensa numa série de metáforas e alegorias, de pensamentos, de reflexões sobre a humanidade, o sentido da existência, a missão intrínseca da nossa espécie, sobre o verdadeiro sentido do humanismo numa perspectiva universal, profunda e sentida. Villeneuve tem a missão ciclópica de trazer para o grande ecrã a lenda de Muad’ib num formato que chegue a todas as gerações, aos fãs como eu, mas sobretudo, e com urgência, às novas gerações que não leram os livros, nem nunca ouviram falar de Arrakis; porque é sobretudo para eles que Dune mais faz sentido, na sua colagem à actualidade política e social, com a questão premente do povo da palestina ainda na ordem do dia, dos refugiados sem pátria (os Fremen de Herbert), das contradições do nosso mundo capitalista, da ascensão dos populismos e dos salvadores, e da queda nos totalitarismos.

Josh Brolin e Oscar Isakk

Comoveu-me imenso ver o esforço e o talento colocado neste projecto: desde um elenco absolutamente de sonho a uma espécie de dream team atrás das câmeras, sem concessões e sem tecto de orçamento, um all in da Warner e de Villeneuve com a missão sobretudo de ser fiel, de ser verdadeiro e de fazer justiça ao material de origem. E isso percebe se desde logo neste trailer; para além da fotografia inacreditável, do som, da escala no design de produção, dos efeitos visuais assombrosos, dos fragmentos de interpretações soberbos (Chalammet, Rebecca Ferguson, Xavier Bardem, enfim…) “, além disso tudo, aquele toque, aquele pormaior de colocar “Eclipse” dos Pink Floyd, eles que foram os originariamente escolhidos pars compor a trilha sonora no projecto falhado de Jodorowsky , uma canção que fala sobre lágrimas na chuva, sobre o tempo e sobretudo, sobre a inviabilidade do destino. Uma mensagem, uma espécie de abraço sentido enviado da produção para os fãs antigos que já entraram nos 40, e eu tal como eles, percebemos. Obrigado por este presente.